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Andar sem máscara e cortar unhas no comboio

Há poucas certezas que eu posso dizer que tenho na vida, mas esta é uma delas: se o inferno realmente existe, uma parte dele é certamente dedicada a uma simulação de transportes públicos para torturar as almas que lá vão parar.


Normalmente, as minhas viagens de comboio até são bastante rápidas, o que não dá tempo para chegar àquela Twilight Zone em que as coisas mais aleatórias acontecem (e aleatório é um bom adjetivo, reparem que podia ter optado por "nojentas" 🤢, "irritantes", "desnecessárias", ou qualquer outro de uma lista que parece que não acaba...)


Tal não impede que já tenha visto uma criatura - acho que a palavra "senhora" se deve guardar para pessoas que realmente se sabem comportar em sociedade, o que não era o caso - A CORTAR AS UNHAS NO COMBOIO. PorquÊ?


POR

QUÊ?

Que tempo é que estes seres acham que estão a poupar que valem o risco de projetar uma unhaca nojenta para os olhos de alguém? Contem nos os vossos segredos, por favor.


Mas hoje não foi uma sessão de manicure que me incomodou, estava eu já na viagem de regresso, quando, mais uma criatura, decide que o sítio ideal para refilar com alguém aos altos berros para encomendar cadeiras, era no comboio das 10:18h, em espanhol, e SEM MÁSCARA.

Eu, dos meus quatro bancos de distância, já estava a bater mal, e as outras pessoas sentadas mais perto dela não paravam de olhar com desdém, tanto pelo espanhol berrado, como pela ausência de máscara.


Foi preciso entrar um revisor na carruagem para que aquele ser não iluminado com decência, decidisse abençoar os outros passageiros com a colocação da máscara. Estranhamente ela quase ao pescoço tipo colar não estava a fazer grande efeito 🤔😷


E pessoas mais desinibidas até podem perguntar por que é que eu não disse nada, porque acreditem, tive vontade, mas o universo já tem maneiras suficientes para que os problemas me encontrem, e eu não gosto de arriscar.

Assim, sempre que possível e apropriado, eu prefiro manter a minha distância e deixar que as pessoas sejam sem noção no espaço a elas dedicado.


Mas que a falta de civismo me faz confusão? Oh se faz.


E justamente para vos provar que os problemas me encontram, lembram-se do revisor que entrou? Pois.


Ora lá veio o senhor doutor pedir os bilhetes (que eu tinha, obviamente, não sou dessas que anda à pica, sou uma fiel defensora de que se queremos utilizar um serviço deste tipo, deve ser pago se assim é estipulado) e eu passei o meu na maquineta.

O revisor, super simpático 🥰, olha para mim e pergunta-me "Posso saber por que é que não validou o bilhete?!" e eu compreendo que este ursinho carinhoso esteja a fazer o seu trabalho, até por que realmente me tinha esquecido de validar a porra do bilhete.


Mas também me pergunto onde é que andam estes cavalheiros quando eu venho do trabalho às nove e meia da noite com junkies cheios de mau aspeto a perguntar-me "Olha, dá para passar contigo?", ou atletas a saltar as cancelas, ou pessoal que simplesmente não lhe apetece pagar bilhete nesse dia e se colam a quem tem de pagar 40 euros por mês de passe.


Onde andam vocês, senhores? HUUUUM?!


E, depois de me justificar ao revisor, deixou-me com um "A sua sorte é que o bilhete é de hoje, senão levava multa"


😍😍😍


E é de ressalvar que depois de pedir os bilhetes à meia dúzia de pessoas que estava na estação de partida, e durante o resto da viagem, não o vi pedir bilhetes nem passes a mais ninguém.


E espero bem que este senhor não estivesse a insinuar que eu tinha ar de bandida, porque eu até estava ligeiramente bem vestida e maquilhada, imagine-se. Se tivesse visto o meu eu normal de sweatpants com pelos de cão e camisolas com manchas que já nem sequer saem apesar das 50 mil lavagens, acho que me levava logo presa.


Nem quero pensar muito nisso, que a autoestima às vezes parece que mora numa cave sem janelas 👀


Isto tudo para dizer:


Senhor Primeiro Ministro,

deixe lá que abram as escolas de condução que eu já não aguento mais. 😭😭😭





Foto de capa: https://pixabay.com/pt/users/skitterphoto-324082/

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